segunda-feira, 17 de março de 2008

16 de Março de 1974 (4) - Hino de Caxias


Longos corredores nas trevas percorremos
sob o olhar feroz dos carcereiros
mas nem a luz dos olhos que perdemos
nos faz perder a fé nos companheiros.

Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.

Oiço ruirem-se os muros
Quebrarem-se as grades de ferro da nossa prisão
Treme carrasco que a morte te espera
Na Aurora de fogo da Libertação(bis)

Cortam o sol por sobre os nossos olhos
muros e grades encerram horizontes
mas nós sabemos onde a vida passa
e a nossa esperança é o mais alto dos montes.

Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.

Oiço ruirem-se os muros
Quebrarem-se as grades de ferro da nossa prisão
Treme carrasco que a morte te espera
Na Aurora de fogo da Libertação(bis)

Podem rasgar meu corpo à chicotada
podem calar meu grito enrouquecido
que para viver de alma ajoelhada
vale bem mais morrer de rosto erguido.

Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.

Em memória de um muito querido camarada e grande, grande amigo, que se encontrava preso em Caxias a 25 de Abril de 1974: Vítor Branco. Um amigo de Lisboa...

3 comentários:

Fernando Samuel disse...

Fizeste-me chorar: pelo Hino de Caxias, primeiro; depois, pela relembrança do Vítor Branco.
Obrigado.

Rui M Silva disse...

Lembras-te certamente do riso aberto com que o Vítor sublinhava os seus pontos de vista e que utilizava como uma boa arma, nas situações mais complicadas. Estou certo que seria dessa forma que ele reagiria a este post. A luta continua. Um abraço

Fernando Samuel disse...

Lembro... e estou certo que era assim que ele reagiria oa teu post...
Para mim, o Vitor é, será sempre, a imensa saudade de um grande amigo que perdi.