domingo, 16 de março de 2008

A razão e os números segundo Sócrates

Para Sócrates, a força da razão (a dele) é superior à força dos números (do povo português). A razão dele, contra os números do povo português, claro! Também Salazar e Caetano pensavam o mesmo. Por isso proibiam as manifestações para não terem que ser confrontados com os incómodos números dos que nela participassem, reprimiam quem se manifestasse e sempre invocaram a força da razão para a sua actuação. Ainda não chegámos tão longe, mas não creio que se deva esperar para ver onde isto vai parar. As eleições legislativas não são um cheque em branco para tudo o que a maioria no poder entende que pode fazer. A democracia não se resume a um voto de 4 em 4 anos. E se, em democracia representativa, a maioria pretende reduzir as restantes representações a nada, então já estamos a aproximar-nos da ténue linha que nos separa de um regime prepotente e autoritário. As tentativas de intimidação que antecederam as recentes manifestações, o clima persecutório que se vive um pouco por toda a função pública e outros sinais de arrogância de Sócrates e seus ministros, combinados com a engenharia eleitoral legislativa que o P"S" prepara na Assembleia da República, as leis de controle dos partidos, a coordenação centralizada dos serviços de informação, não nos podem deixar descansados.

Lopes Graça
Acordai!

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